17 de março de 2014


 (imagem retirada da net)
Dia do Pai, não, obrigado!

(…) “Ah!... Como é fantástico ver que o pai fala como só ele, brinca como só ele, adormece como só ele, cuida e protege como mais ninguém! É por estas e por outras que eu acho que, considerando o seu precioso contributo ao exercício da bondade o pai nunca devia ser poupado. Por isso mesmo, devíamos ponderar, muito seriamente, se o pai não devia vir equipado com uma advertência. Do género: agitar antes de usar. Ou, melhor: não guardar fora do alcance das crianças. Ou mesmo: o uso indevido de pai põe em causa a saúde das crianças. Mas infelizmente, os pais, vêm equipados com uma pitada de mistério: o pai comove-se, às escondidas; enternece-se, de um jeito envergonhado; dá colo e mais colo com os tremeliques de quem se apavora de perder, com isso, o charme de um durão; e diz, vezes de mais, “amo-te muito” nas entrelinhas e com poucas letras. Mas é tão bom ver o mundo do alto dos ombros de um pai, e senti-lo fácil e seguro, sempre que ele resolve todos os perigos, e é tão terno fazer de conta que ele é forte (mesmo quando sabemos que o pai tem medo de chorar) que se eu mandasse, tornava obrigatório o uso de pai. E, pior ainda fazia da falta de pai uma doença crónica contra a qual se devia ter de tomar, para sempre, três doses de pai, ao longo do dia. Sem direito a facilitar nas férias ou nos fins-de-semana. Por isso mesmo mantendo as prendas que os pais recebem num dia como esse (que sempre lhe acalentam o coração), e os desenhos e as redações que as crianças lhe dão (que são uma forma de conjugar o verbo “amo-te pai” até à milésima pessoa) -, acho que, se acreditamos que um pai é mágico na maneira como nos faz crescer, devíamos dizer: “Dia do Pai, não, obrigado!

Eduardo Sá in Queremos Melhores Pais!

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