20 de outubro de 2014

Para refletir...

 Porque por vezes exigimos de mais dos nossos filhos...


“É frequente pedir-se ao filho mais do que seria de esperar. Se ele deve tornar-se um indivíduo útil, tem de se adaptar a um padrão de existência, aprender a pensar e a agir de acordo com regras sociais, adaptar-se ao seu meio envolvente e desenvolver um sentido de responsabilidade. Tem de adquirir as competências que são requeridas na vida social. Pedir isto ao filho é correto e adequado.
Contudo, as exigências dos pais muito raramente param aqui.
Talvez os pais esperem a perfeição. Raramente param para pensar se eles próprios serviriam de modelos para as exigências que fazem aos filhos. Talvez pensem que, pedindo de mais, poderão pelo menos receber uma parte do que desejam. Isto é uma falácia. Esta técnica apenas irá habituar o filho a ignorar todos os pedidos dos pais. Os pais podem exigir aos filhos uma sinceridade absoluta – mas será que eles próprios nunca mentem ou falseiam a realidade? O filho não deve ser preguiçoso... e a produtividade dos pais será irrepreensível? O filho deve obedecer cegamente e nunca ripostar... mas serão os pais um modelo de submissão acrítica? A duplicidade de valores é impossível. O filho é um ser humano como os pais.
Por outro lado, a preocupação dos pais com o seu próprio sossego e conforto pode torná-los por vezes muito permissivos. Grande parte do que pedem aos filhos tem em vista não o seu desenvolvimento mas sim, a preservação do conforto dos pais. Nestas alturas, os pedidos justos do filho são muitas vezes negligenciados. Quando os pais querem descansar, o filho tem de estar sossegado, o que está correto. No entanto, é-lhe retirado o direito ao sossego quando os pais desejam mantê-lo acordado.
Uma atitude destas descura os requisitos de desenvolvimento da criança.”

Rudolf Dreikurs



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