Porque por vezes exigimos de mais dos nossos filhos...
“É frequente pedir-se ao filho mais do que seria de
esperar. Se ele deve tornar-se um indivíduo útil, tem de se adaptar a um padrão
de existência, aprender a pensar e a agir de acordo com regras sociais,
adaptar-se ao seu meio envolvente e desenvolver um sentido de responsabilidade.
Tem de adquirir as competências que são requeridas na vida social. Pedir isto
ao filho é correto e adequado.
Contudo, as exigências dos pais muito raramente
param aqui.
Talvez os pais esperem a perfeição. Raramente param
para pensar se eles próprios serviriam de modelos para as exigências que fazem
aos filhos. Talvez pensem que, pedindo de mais, poderão pelo menos receber uma
parte do que desejam. Isto é uma falácia. Esta técnica apenas irá habituar o
filho a ignorar todos os pedidos dos
pais. Os pais podem exigir aos filhos uma sinceridade absoluta – mas será que
eles próprios nunca mentem ou falseiam a realidade? O filho não deve ser
preguiçoso... e a produtividade dos pais será irrepreensível? O filho deve
obedecer cegamente e nunca ripostar... mas serão os pais um modelo de submissão
acrítica? A duplicidade de valores é impossível. O filho é um ser humano como
os pais.
Por outro lado, a preocupação dos pais com o seu
próprio sossego e conforto pode torná-los por vezes muito permissivos. Grande
parte do que pedem aos filhos tem em vista não o seu desenvolvimento mas sim, a
preservação do conforto dos pais. Nestas alturas, os pedidos justos do filho
são muitas vezes negligenciados. Quando os pais querem descansar, o filho tem
de estar sossegado, o que está correto. No entanto, é-lhe retirado o direito ao
sossego quando os pais desejam mantê-lo acordado.
Uma atitude destas descura os requisitos de
desenvolvimento da criança.”
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